2011/02/04

Uma lição de vida ou partir pedra


O escritor francês Charles Péguy (1873-1914), conta a história de um homem que, na idade média, a caminho de Chartres, encontra um homem aplicado ao mais duro dos ofícios: partir pedra.
- Vivo como um cão – disse-lhe o homem. – Exposto à chuva, ao vento, ao granizo, ao sol, faço um trabalho penoso em troca de uns tostões. A minha vida não vale nada. Nem merece o nome de vida.
Um pouco mais longe, o nosso homem encontra outro canteiro, este com uma atitude completamente diferente.
- É verdade que é um trabalho duro – diz-lhe ele –. Mas, ao menos, é trabalho. Dá para alimentara mulher e os filhos. E depois, ando ao ar livre, vejo a gente que passa… Não me queixo. Há quem esteja pior do que eu.
Um pouco mais adiante, o homem encontra um terceiro canteiro, que lhe diz, olhando-o bem nos olhos:
- Eu, eu estou a construir uma catedral.

O Jaime continua a sua senda de excelentes posts

2011/02/03

Manuel Maria Carrilho

Depois de muito matutar e de "ouver" a entrevista do Artur Agostinho na RTP1 onde, mais uma vez, tive o desprazer de ver a Judite de Sousa com aquele ar "aquoso" que coloca quando entrevista alguém de quem gosta, em contraponto com o ar de "megera" que assume quando detesta quem está na sua frente, sentei-me em frente ao teclado para comentar o artigo do Manuel Maria Carrilho hoje no DN.
Antes, porém ( a adversativa aqui, colhe), dei uma volta na blogoesfera e, raios o partam, deparei com um texto intitulado Descarrilhado, do Valupi na Aspirina B.
Pensei para comigo que o homem deve ser bruxo porque transmite, com raiva e impotencia o confesso, muito melhor do que eu sou capaz, o que me vai na alma.
Vou processá-lo por plágio.
É muito giro e até correto dizer que "é preciso mudar de paradigma", que "é preciso debater as ideias", mas também é preciso dizer qual o novo paradigma e que ideias é preciso debater.
Contrariamente ao artigo de Mário Soares, terça-feira no DN, que propôe novas ideias e novo paradigma este artigo de MMC é um deserto de ideias para além da ideia dele próprio.
Lembra-me um post anterior sobre as RPN (Reuniões de Porra Nenhuma).
Mutatis mutandis este é um APN (Artigo de Porra Nenhuma)

E a puta que os pariu

Com a devida vénia ao Eduardo Pitta aqui se transcreve o seu post:

Em nome da saúde pública, a assembleia municipal (City Council) de Nova Iorque aprovou ontem, por 36 contra 12 votos, a proibição de fumar em jardins, parques, áreas pedonais e praias da área metropolitana. Sobram as ruas abertas ao trânsito automóvel. A partir de 1 de Maio, os fumadores terão de abster-se em Central Park, Gramercy, Bryant, Madison, Union, Washington Square, etc., no Jardim Botânico, em Times Square, na praia de Coney Island e por aí fora. Bloomberg, o mayor da cidade, congratulou-se com a medida.

Apetece-me não voltar à "Big Aple".
A sanha contra os fumadores contínua e eles não se dão conta do ridículo.
Não param para pensar?
"The land of the free"?
A puta que os pariu outra vez.

A Luz do Porto





Duas semanas atrás "o velho casario" tinha, em fim de tarde, esta luz fantástica.
O Porto visto de Gaia.

Serie Jardins Improváveis V




Algures em Oeiras.

2011/02/02

Reuniões

Toda a minha vida "papei" reuniões infindáveis, classificadas de RPN (Reunião de Porra Nenhuma) onde na maior dos casos o seu objectivo era reunião ela própria.
Por regra, todos os participantes incluindo o responsavel pela mesma concordavam, depois, que tinha sido uma chatice.
O método abaixo proposto é infalivel para tornar uma RPN numa coisa divertida.

O BINGO DAS REUNIÕES!

Imprime o quadro abaixo antes de começar a reunião, seminário, conferência, etc.
Sempre que ouvires a palavra ou expressão contida numa das casas, marca a mesma com um (X).
Quando completares uma linha, coluna ou diagonal, basta gritar ' BINGO '!

Planificação|Colaboradores|Objectivos |Estudo |Disciplina
Reunião |Plano |Substituição |Formação |Estratégia
Apoio |Direcção |Hiérarquia |Competências |Recuperação
Optimização |Avaliação |Processos |Colega |Recursos
Resultados |Excelência| |Projecto |Implementação|Integração


Testemunho de jogadores satisfeitos:
a.- 'A reunião só tinha começado há 5 minutos quando ganhei!';
b. - 'A minha capacidade para ouvir melhorou imenso desde que comecei a jogar Bingo das Reuniões';
c.- 'A atmosfera da última reunião foi muito tensa porque 8 colegas estavam à espera de preencher a 5ª casa';
d.- 'O director ficou estupefacto ao ouvir oito pessoas gritar 'BINGO', pela 3ª vez numa hora';
e.- 'Agora, vou a todas as reuniões, mesmo que não me convoquem'.

Como descobrir vida em Marte

Eu quero uma destas, JÁ


Os nervos com que eu fico ao ver uma coisa destas, ainda por cima, com a novidade de nunca ter visto encher copos de cerveja por baixo.
Chapeau.

Mario Soares 2


A avaliar pelo artigo de hoje no DN assinado pelo jornalista João Pedro Henriques, sobre o escrito ontem por MS, os jornalistas e a classe política continuam a tomar a nuvem por Juno.
O artigo que, na minha opinião e sem muito esforço, poderia ser transfomado num programa a ser submetido ao eleitorado apenas teve impacto no que se refere aos Boys&Girls.
Tudo o resto, o mais importante, foi apagado provavelmente porque é pouco interessante.
Quem quer discutir ideias? Quem quer ver a floresta por detrás da mísera árvore?
Pobrezinhos.
Eu sei que dá trabalho, mas parafraseando o meu amigo Luís, "tudo o que é bom dá trabalho".
Engraçado que, também hoje, o coriáceo Baptista-Bastos, parecendo alinhar pelo mesmo diapasão de MS, aborda a questão PS, do congresso do PS, de modo totalmente diferente.
Transcrevo apenas uma pequena parte :

"Com rigor, deixou, há muito, de ser socialista, de alimentar e estimular a ideia socialista, incapaz de reagir ao desmoronamento da União Soviética, sem saber enfrentar e combater, ideológica e politicamente, as pressões de um capitalismo cada vez mais feroz e devastador."

O homem ensandeceu. O artigo dirige-se ao PS ou ao PCP?

2011/02/01

Mario Soares

Mario Soares, do alto dos seus 86 anos, continua a dar lições de política a todos quantos o leiam, mesmo quando não se concorda.
A capacidade de ler a realidade e a perceção da realidade, a bagagem cultural e ideológica que lhe serve de lastro, contrasta com os políticos "fast food" que por aí abundam.

Hoje, mais uma vez escreve um artigo brilhante no DN do qual destaco a seguinte passagem:

"Reparem os meus leitores apegados a velhos preconceitos: os melindres e as preocupações quanto às soberanias nacionais pertencem ao passado. Num mundo globalizado, em que a América do Norte, os colossos emergentes e os que estão para o ser são cada vez mais fortes, a União Europeia, para sobreviver, como grande potência multi-estadual na cena internacional tem de estar unida e ter mecanismos de decisão rápidos. Assim, as soberanias, no quadro da União, são - e devem ser - partilhadas, tendo princípios comuns e obrigatórios para todos: a igualdade dos Estados-membros e a unidade e a solidariedade entre todos. É o que nos exige o século xxi, e temos de o perceber. Porque o dilema é fácil: ou a União toma medidas urgentes neste sentido, ou entrará numa irremediável decadência. É por isso necessário que a Alemanha compreenda rapidamente que, por mais rica que seja, isolada não representa nada em relação aos colossos emergentes. E ainda que com uma Europa desintegrada, a Alemanha será vista como um factor de desconfiança pelos Estados europeus e perderá muito do potencial de produção de riqueza que hoje tem. Visto que as suas exportações para os outros países europeus cairão a pique..."Há por aí alguém interessado em mandar a tradução em alemão para a chanceler Merkel?

Note-se ainda os "recados" para dentro do país e do PS.

Quem disse que o homem já não existe?
Por mim, longa vida.

Ladrão de Livros



A propósito deste post do Jaime Bulhosa comentei:

A páginas tantas, no magnifico As Aventuras de Augie March, de Saul Bellow, Augie torna-se um ladrão de livros profissional aliciado pelo seu amigo Padilla.
A propósito de satisfazer um cliente díficil roubou e, passo a transcrever:
"...Dois Volumes de A Vontade do Poder de Nietzshe, que suei para conseguir roubar porque estavam num armário de vidro fechado numa livraria especializada em livros de Economia; também lhe arranjei a Filosofia do Direito de Hegel, os últimos volumes de O Capital na livraria comunista da Division Street, A Autobiografia de Herzen e alguns livros de Tocqueville....".
Se o seu Ladrão Temático é um profissional do gabarito de Augie, esqueça.
Está condenado a repôr nas estantes os volumes em falta.
Abraço de solidariedade.

PS: O abraço de solidariedade estende-se à Isabel e ao Tó Zé Castanheira e atodos os livreiros que enfrentam o problema.

PSS: Quem rouba livros merece ser mais bem tratado que os ladrões de outra coisa qualquer?
Ná, diria eu.