2014/11/15

E todos morreram calçados



Portas quer demitir-se, Passos não aceita como lhe reforça o estatuto passando-o a Chefe de Estado Maior.
Nuno Crato quer demitir-se e Passos não deixa:
Paula Teixeira da Cruz (parece que) quer demitir-se, Passos diz nem pensar.
Miguel Macedo quer demitir-se e Passos afirma que só por cima do meu (seu) cadáver.
Seria lógico antecipar as eleições quanto mais não seja por questões técnicas e Aníbal Cavaco Silva diz que não e ponto final ignorando que, em politica, os pontos finais passam com frequência a reticencias.
Adivinha-se  Litle Big Horn e, Custer perdão, Passos, não só continua impá(r)vido e sereno, como resolve atacar a aldeia que (afinal) tem muito mais índios do que ele imagina. .
Tal como na batalha, o Major Reno perdão Vitor Gaspar, o Capitão Benteen perdão Álvaro Pereira, já o abandonaram, fazendo-se neste momento apostas sobre quem será o Capitão McDougal.
Tal como na batalha, adivinha-se que Custer, perdão Passos, não terá um final feliz.

2014/11/14

Serie Grandes Inicios X

Piano Concerto No. 1 (Rachmaninoff) Vivace 1º movimento.

Piano Beatrice Berthold, 1993

Roger Federer


Declaração de interesses: eu gosto de (quase) todos os desportos. 
É uma atividade que alia (quase) sempre a capacidade física com atitude competitiva, querer, pundonor muitas vezes a roçar o orgulho e uma beleza estética que comparo muito ao bailado
O Ténis é um deles.
Acompanho a modalidade desde o tempo de Björn "IceBorg" e tenho visto durante todo este tempo todo o tipo (estilo) de jogadores.
Nada se compara a a Roger.
Se dúvidas houvesse de quem é o melhor jogador de ténis de sempre, ontem perante Andy Murray, mais do que ganhar o encontro por uns humilhantes 6/0 e 6/1, passeou toda a sua classe e  deu uma verdadeira aula que, suponho irá figurar nos compendios de Ténis por todo o mundo*.
Não são só as questões técnicas porque sobre essas não tenho competência para perorar embora perceba a variedade de pancadas que executa durante o jogo. Direitas, esquerdas chapadas com top spin ou em slice, cruzadas ou na linha, amortis, voleys e half-voleys, smashes, não esquecendo o jogo de pés (qual o bailarino que não gostaria de ter aquela naturalidade?), tudo aquilo sai com uma naturalidade e uma elegância que nenhum outro jogador da atualidade tem.
Alia ainda a tudo isto uma coisa que eu gosto sobremaneira num Desportista (assim com letra grande). Não se vê um gesto sobranceiro quando ganha e tem uma enorme humildade quando perde. Valha a verdade que nesse aspeto está muito bem acompanhado pelos outros tenistas de topo, salvo raras e pouco honrosas exceções.
Não é por acaso que ganhou o Stefan Edberd Sportsmanship of the Year 10 vezes nos últimos 11 anos e ATPWorld Tour.com Fan's' Favorite durante os últimos 14(!) anos  

Perde com Nadal? Sim e não. Irá perder agora com Jokovic? Talvez. 
Aos 33 anos já bateu todos os recordes que havia para bater e continua em campo o mesmo que de 2003.  

* Ficará seguramente ao lado do compêndio de Ivan Lendl

Hino Nacional

Ouvir e cantar o Hino Nacional de qualquer país é sempre um momento de emoção, particularmente nos eventos desportivos e especialmente no rugby.
Na verdade é por demais conhecido o empenho que os jogadores de rugby colocam ao, antes dos jogos, cantarem o "seu" hino. Sendo um jogo de equipa ou antes, para mim, "o jogo de equipa" funciona como um apelo à união e um ganhar de forças que é muito superior ao somatório dos valores individuais.
Ficou aliás conhecido e reconhecido em Portugal, o arreganho com que os Lobos o cantavam, aquando da campanha para o Mundial de 2007 em França.
aqui escrevi sobre o que um hino pode pode fazer para unir uma nação.
Vem isto a propósito do Irlanda vs Africa do Sul (29 - 15) e do momento que a seleção Irlandesa canta o seu Hino "Ireland Calls".
Facto curioso é que também este hino serve para unir qualquer coisa.
No rugby a Irlanda e a Irlanda do Norte têm a mesma seleção. Sendo o sul católico e republicano e o norte protestante e "loialista" (para simplificar).
Ireland Calls foi escrito com a intenção de limar todas as diferenças entre estes dois "países. Nos jogos em casa (Dublin) também é cantado o Soldier's Song hino da Republica da Irlanda.

Não tenho as imagens de ontem, mas aqui fica a gravação no jogo contra a Inglaterra no Croke Park em 2007 com Flannery a chorar e onde são cantados de seguida os dois hinos.
Junta-se ainda o link para as letras dos dois hinos.



A letra de Ireland Calls pode ser lida aqui e a letra de Soldiers's Song pode lida aqui.

Quanto ao jogo a Irlanda confirmou aquilo que vem mostrando desde a janela de inverno de 2013, jogando com o fithing spirit que o seu hino invoca e é bem explicito nesta atitude determinada de Jonathan Sexton considerado "homem do jogo"

Perdeu com os All Blacks de uma maneira incrível, sobre a qual dei nota aqui, porque não vi o jogo mas tenho absoluta confiança naquilo que João Paulo Bessa escreveu aqui.
Este ano ganhou o Torneio das Seis Nações e agora depois do que vi, será que vai apresentar a sua candidatura ao Mundial?
Veremos se a confirma a 22 de Novembro contra a Austrália.

2014/11/13

António Costa


Estive atento à entrevista que António Costa deu à RTP1.
Confesso que gostei apesar de me ter lembrado este meu post de ontem.
O silencio é de ouro meu caro, mas há de haver uma altura em que fazer de morto não é suficiente.
A ver vamos como diz o cego


2014/11/12

Beethoven: Triple Concerto

Eu sei que há uma versão dirigida por Herbert von Karajan com Svatisolov Richter no piano, David Oistrachk no violino e Mstislav Rostropovich no violoncelo. Conta-se até, que Karajan teve uma enorme dificuldade em os juntar, por causa dos seus enormes egos.
Toda a gente diz que esta foi a melhor gravação alguma vez feita.

Perdoem-me os "puristas" mas eu gosto mais desta com Daniel Baremboin na direção e no piano Itzhak Perlman no violino e Yo-Yo- Ma no violoncelo.
Não sei se gosto mais desta versão que por ter uma gravação ao vivo tem mais "swing" mais vivacidade e talvez mais empenho.

Ambas são magnificas, mas esta "helás".
>   

Miles Davis - In a Silent Way



Para acabar a noite nada mais apropriado que esta "pérola" gravada em 1969.
Eis a tripulação que dispensa apresentações:
  
Miles Davis - Trompete
Wayne Shorter - Saxofone Soprano
John Mclauglin - Gitarra Elétrica
Chick Corea - Piano Elétrico
Herbie Hancok - Piano Elétrico
Joe Zawinul - Orgão
Dave Holland - Double Bass
Tony Williams - Bateria

2014/11/11

TRÁFEGO AÉREO VISTO PELA NASA

Estive hoje à conversa via Skype com um amigo alemão que vive na Áustria a perto da fronteira com a Alemanha, a cerca de 250 km de Munique. Disse-me que tinha recebido uma oferta de trabalho em Joanesburgo, tendo eu comentado que a coisa era um bocado longe. Na volta respondeu-me que nem por isso. 
Perante o meu ar espantado disse-me que a Lufthansa mantém dois voos diários noturnos, de e para Joanesburgo, pelo que, podia, ele que dorme regaladamente em todos os voos noturnos ou diurnos*, vir a casa todos os fins de semana (saída à quinta e regresso ao domingo) coisa que não poderia fazer se, por exemplo, o trabalho fosse em Barcelona dadas as ligações e o tempo de espera nos aeroportos o que, valha a verdade, é um bocado ridículo e é demonstrativo de como as distâncias ou, mais corretamente, os tempos para as percorrer são, nos tempos que correm, muito relativos.

Depois desta conversa veio-me à memória uma situação que se passou comigo.
Na década de noventa do século passado tive uma reunião em Antuérpia que dista cerca de 50 km de Bruxelas.
Um nosso colega alemão, a trabalhar em Hannover, pediu aos seus serviços que lhe arranjassem uma viagem para Antuérpia. Não olhando ao mapa, o pobre do homem foi de Hannover para Amesterdão, onde esperou duas horas por uma ligação aérea para Antuérpia, sendo que, de autocarro, demora-se o mesmo tempo que se leva do aeroporto de Bruxelas (o voo de Hannover para Bruxelas demora 50 m) ao centro de Antuérpia.

Lembrei-me ainda deste vídeo datado de 2011, que retrata bem o fluxo aéreo que atravessa o espaço aéreo do planeta durante 24 horas e do qual, já tinha dado conta aqui. Três anos depois deve ser bem pior.
Um grande abraço aos Controladores de Tráfego Aéreo e, por favor, cuidem bem da gente.
  
 

* Já voei dezenas de vezes com ele e garanto que.ainda o avião está na manga e já ele dorme. 
Bela companhia sobretudo para os voos intercontinentais porque eu sou incapaz de pregar olho.


2014/11/01

Anjos



A gente não acredita mas que há, há. Costuma afirmar-se acerca de bruxas mas desta vez falamos de Anjos.
Prova?
Ouçamos Sarah Mclachlan "suportada" ou "sublinhada" ou "apoiada" ou o que se quiser por Carlos Santana e ficamos com a certeza absoluta da sua existência.

Pôr ou não pôr - eis a questão

Brilhante como é habitual.

 Para Passos pôr e repor é um supor
por FERREIRA FERNANDESOntem51 comentários

Confusão!, queixavam-se os jornais online. Referiam-se ao discurso inicial de Passos Coelho, ontem no Parlamento, sobre a reposição dos salários da função pública - que seria integral em 2016, disse ele -, e que, pouco depois, o próprio primeiro-ministro modificou para uma reposição gradual de 20% a partir de 2016. Confusão coisa nenhuma! O que houve foi a preguiça habitual dos jornalistas que não souberam ouvir Passos Coelho. Felizmente estava lá eu. Aqui vos deixo as palavras límpidas do orador: "Senhores deputados, como ainda há pouco vos disse que repunha, desdigo agora porque não ponho. E dizendo-o, mais que digo, reitero, porque se ponho o que não punha nada mais faço do que dispor sobre o que antes não pusera. Ponho, pois. Isto é, não ponho. E sendo isto tão claro, não contraponham reticências onde exclamação pede ser posta: não só reponho como logo oponho! Reponho tudo, como eu disse às dez. E só ponho 20% (que é não pôr 80), como garanti ao meio-dia. Não é isto tão simples? Pôr e repor é um supor. Meu senhores, se há verbo que gosto é do pôr - no indicativo ("enquanto vós púnheis o voto na urna"), no conjuntivo ("quando eu puser as promessas mais falsas") e no imperativo ("põe tu as ilusões de molho") -, e, sobretudo, nesse maravilhoso pôr conjugado no porém. Ah, dizer pôr e, com porém, passar ao não pôr... Eis, senhores deputados, a essência do que para mim é ser porítico, perdão, político."

2014/10/16

Sinais de Transito



No decorrer de muitos quilómetros por estradas europeias, encontrei muito sinais de transito estranhos.
Nenhum deles se assemelha em originalidade a qualquer destes dois.
O primeiro numa estrada bordejando um parque numa aldeia perto de Uppsala, na Suécia, famosa pela sua Universidade (a mais antiga da Suécia) chama a atenção do condutor para a possibilidade de encontrar uma família de patos atravessando a estrada.
O segundo na estrada alpina de Gerlos no Tirol (Áustria) alerta para a possibilidade de, durante 13 km, ter encontros inesperados com vacas...esquiadoras.
O humor e a imaginação também podem estar presentes nas estradas para gáudio dos passeantes. 

2014/10/08

Carta de un rugbier a Cristiano


Através XV CONTRA XV do João Paulo Bessa cheguei à carta que dá o título ao post e a seguir se transcreve.
Publicada no site espanhol do Eurosport é uma chapada de luva branca a quem, sendo um grande desportista é, também, um grande ignorante.

Estimado Cristiano:
Te escribo esta carta en calidad de jugador de rugby. El pasado miércoles realizaste, a mi parecer, unas desafortunadas declaraciones al advertir tras la conclusión de un partido, "que en lugar de fútbol parecía rugby" porque un rival te dio una patada por detrás sin posibilidad de jugar al balón. Quería aclararte queen el rugby está terminantemente prohibido patear a un rival y que cualquier tipo de agresión está sancionada con la expulsión directa.También te diría que el jugador expulsado, además de ser sancionado por su club y por el comité reglamentario, pide disculpas en el vestuario a sus compañeros al finalizar el encuentro por dejarlos en inferioridad e hipotecar el trabajo de toda la semana. Para nosotros los partidos se juegan entre semana (en los entrenamientos) y el fin de semana se posan los ensayos.
El rugby es un deporte de contacto, duro y agresivo, pero nunca violento.En el rugby existen unos códigos de conducta honorable que todos respetamos escrupulosamente, por lo que nunca verás a un jugador de rugby simular una falta o una agresión. Se suele decir que la única mentira que está permitida a un jugador de rugby es la que se dice al médico para seguir en el campo. Este fin de semana un jugador recibió un golpe en la cara, le partieron el pómulo y siguió jugando durante una hora para que su equipo no quedase en inferioridad.
Habrás visto que nuestras camisetas llevan dorsales, que indican la posición en el campo, pero no el nombre, porque no es importante quien vista esa camiseta. Lo importante es que quien la vista "haga su trabajo, sólo su trabajo, pero todo su trabajo". Por eso cuando anotamos un ensayo nadie lo celebra señalando su nombre, lo festejamos con los compañeros, los culpables de que el balón nos llegue siempre en las mejores condiciones. Por eso no entregamos Balones de Oro ni tenemos pichichis. Además nos dirigimos al árbitro llamándole «señor», sólo hablan con él los capitanes y nunca le culpamos de la derrota porque somos conscientes de que nos equivocamos más veces que ellos.
Te diré que en el rugby impera la continuidad, que la filosofía de juego incide en que la pelota siempre esté viva. Por eso cuando ves un placaje, el placador suelta al placado al caer y el placado deja la pelota en el suelo para liberarla. En el rugby la pelota siempre tiene que estar en juego para que al final del partido se cumpla el primer mandamiento de nuestro deporte: siempre gana el mejor. Se persigue severamente el anti-juego y se castiga con ejemplaridad, por lo quenunca verás jugadores de rugby perdiendo tiempo o simulando lesiones. De hecho, existe la figura del cambio de sangre, porque el lesionado, una vez atendido, vuelve al campo por muy aparatosa que sea la herida, para seguir ayudando a sus compañeros.
En el rugby el rival es adversario en el campo y compañero fuera de él. Nunca enemigo porque tenemos en común una pasión y un código de conducta que respetamos más allá del campo. De ahí que en el rugby hagamos pasillo al rival, ganemos o perdamos, y compartamos unas cervezas en el tercer tiempo después de dejarnos la piel en el campo. Por todo esto, Cristiano creo que tu declaración fue desafortunada, entiendo que por desconocimiento de nuestro deporte. Desde aquí te invito a acudir a un partido de rugby dónde y cuándo quieras. Serás siempre bienvenido, tú y cualquiera. Y, por supuesto, estás invitado a disfrutar con nosotros de unas cervezas en el tercer tiempo. Sin más, salud y rugby.
Fermín de la Calle

Chapeau

2014/09/18

Oktoberfest



Para a semana vou estar por aqui.
Este é o cartaz da festa este ano.

2014/09/09

Thick as a brick

Provocado por este post do António Teixeira no seu Herdeiro da Aécio e dos efeitos descritos no meu comentário ao mesmo, continuei com a saga do vinil no mesmo período (1970-1975). 
No mesmo ano de Pictures at an Exhibition dos Emerson, Lake & Palmer, os Jethro Tull  (uma banda de rock progressivo tal como os anteriores) publicavam o excelente Thick as a Brick depois de um ano antes terem feito Aqualung.
A capa é um must e revela bem as possibilidades que a dimensão dos discos trazia às suas capas, coisa que é impossível de fazer no tamanho dos CD.     


O disco é embrulhado num "jornal" (o St. Cleve Cronicle) que dá conta, em manchete, da existência de um tal Gerald "Litle Milton" Bostock de oito anos de idade autor do poema que dá nome ao disco que, em páginas interiores é escrito. A escolha de Milton não é,obviamente, fruto acaso. Basta ler a sua biografia para isso perceber. 
O "Jornal" contém noticiário variado e todo ele falso, satirizando o estilo paroquial dos jornais locais ingleses.
O gozo começa logo no título do disco "Estúpido como um calhau ou como um tijolo" e continua na primeira página noticiando que o rapaz tinha sido desclassificado e recomendado para tratamento psiquiátrico imediato, dado ter uma atitude extremamente insalubre (unwholesome no original) perante a vida, o seu Deus e o seu País. O primeiro prémio foi então atribuído a Mary Whiteyard de 12 anos pelo seu trabalho sobre Cristo intitulado "Ele morreu para salvar as crianças".

Na altura muita gente caiu na esparrela (eu incluído) e acreditou na existência real do pequeno génio.Na verdade o poema foi escrito por Ian Anderson, flautista de excelência e leader do grupo (não da banda como agora se diz).
O disco foi tocado dezenas de vezes até eu saber de cor todo o poema o que foi obra, porque, embora haja muito instrumental, o Lado A tem 22m e 40s e o lado B 21m e 06s. Pondo o disco a tocar ainda hoje acompanho muitas das partes.
Não encontrando o poema na net resolvi digitalizar a página do "jornal" onde está escrito, não sem grande dificuldade por causa do formato retangular da página e as limitações do meu digitalizador.

Aqui vai:
(click na imagem para aumentar)

O poema é, todo ele, um gozo à sociedade inglesa e toda a sua stiffness).
Não resisto no entanto de transcrever dois pequenos excertos que, infelizmente, se aplicam 42 anos depois:

So!
Come-on ye childhood heroes! Won't
rise up from the pages of your 
comic-books?
your super crooks 
and show us all the way. Well! make your will 
and testament. Won't you?
Join the local government. We´ll have superman for president
let Robin save the day.

E este outro: 

So!
Where the hell was Biggles
when we needed him last Saturday?
And where all the Sportsmen
who always pull you through?
they're all resting down in Cornwall
-writing up their memoires for a
paper-back edition of the Boy Scout 
Manual 

Muito bom

Prometo que vou continuar uns tempos no vinil e continuar a desempoeirar algumas recordações.
    


2014/09/08

Escócia

Aqui se transcreve a crónica de hoje de Ferreira Fernandes no DN sobre o referendo independentista, tendo como pano de fundo a sua habitual lucidez.
A Europa está parva e é geral
A pergunta, como em todos os referendos bem feitos, vai ao osso: "Deve a Escócia ser um país independente?" Nenhum chantilly para encher o olho, nenhuma palavra supérflua. Nem mas nem meio mas: sim ou não? Milhares de anos de misturas de povos como inevitavelmente aconteceu, porque se passou numa ilha, e pequena ilha, e três séculos de pátria comum, o Reino Unido da Grã-Bretanha, desde 1707... E agora (dia 18 de setembro), separa-se, como o trigo do joio: sim ou não? Muito antigas derrotas comuns (por exemplo, na Independência americana) e vitórias comuns (I e II Guerras Mundiais), um destino imperial feito junto, descobertas de máquinas e de ideias, literatura, desastres, sonhos e líderes partilhados. Tudo isso, passado, valores, história, famílias - inevitável forte identidade - depurado numa dicotomia: escoceses para um lado, os outros para outro. Um dos defensores do "sim" à independência, diz-me o jornal The Guardian, declarou que nada mais une a Inglaterra e a Escócia senão história e família. Senão? Não me parece coisa pouca. E ouso, eu que estou de fora, falar deste assunto porque salta-me a superficialidade com que o referendo é tratado. Eu, português, que por razões ocasionais da minha empresa residisse há três anos em Edimburgo, apesar de não saber quem são os Stuarts posso votar - cortar, sim ou não, no destino do Reino Unido -, mas um escocês a residir em Londres, não. A Europa está parva e é geral.

Albânia 2

Afinal a Albânia existe e ontem, a sua seleção de futebol ganhou 0-1 à nossa seleção.
Será que já ganharam o Concurso da Eurovisão?
Prometo investigar.

2014/08/30

Edinburgh Military Tattoo

Na minha adolescência havia vários programas "imperdiveis" e absolutamente mandatórios, principalmente para o meu pai .
Para além das rubricas semanais como a Noite de Cinema, a Noite de Teatro, o Se bem me Lembro do saudoso Vitorino Nemésio e os Concertos para Jovens do Leonard Bernstein são alguns deles.
Anualmente havia, com a devida pompa e circunstância um, evento da máxima importância:
O Tattoo militar no Castelo de Edimburgo.
Ainda hoje recordo aquelas tardes de sábado com alguma saudade.



Adenda: Grave foi ter-me esquecido de outro mandatório:
O saudoso João Vilaret.
Ainda outros, mas com menor prioridade, Bonanza (claro), Flecha Quebrada, o Mascarilha, o Homem Invisivel e suponho que mais tarde O Fugitivo.

2014/08/29

Sapateado

O sapateado é um tipo de dança de origem irlandesa cujas origens se perdem no correr dos séculos.
Terá origem nos tamancos usados pelos operários que os utilizavam para mostrar as suas habilidades.
Ao longo do tempo foi evoluindo e, levado pelos irlandeses para os "states", misturou-se com os ritmos africanos, dando origem a um tipo de dança ligeiramente diferente.
A diferença fundamental consiste no fato de os irlandeses não mexerem o tronco nem os braços enquanto que os americanos são muito mais exuberantes utilizando todas as partes do corpo.
Vem isto a propósito de uma conversa de café, onde o meu interlocutor defendia o génio de Michael Jackson incluindo a invenção do passo de dança conhecido por Moonwalk.
Feita uma pequena investigação na net (god bless) e em especial no YouTube chega-se à conclusão que o rapaz apenas o batizou.
Atente-se abaixo os professores e que lote.O rapaz era bom, muito bom, mas com professores destes...
Atente-se a lista: Sammy Davies Jr., Fred Astaire, Sandman, Bill Bailley, Buck and the Bubles, Clark Brothers, Cab Calloway Daniel Haynes
 



Acrescente-se que eu sou um adepto incondicional deste tipo de dança.
Pode encontrar-se cá em casa (quase) todo o Fred Astaire, Judy Garland, Gene Kelly, Gregory Hines e por aí fora.
Como o Youtube é como as cerejas e, por que gosto mais da escola americana, aqui ficam dois exemplos brilhantes da corrente americana e um fantástico da escola irlandesa:
O primeiro é extraído o filme Cotton Club (um daqueles que se leva para a ilha deserta), quando Gregory Hines leva a namorada a um clube de Tap Dancers amadores (absolutamente fascinante).



O segundo é extraído do filme TAP e conta com a presença vejam só, de Gregory Hines, Savio Glover, Sammy Davies Jr, Jimmy Slide, Sandman e um dos Nicolas Brothers, tudo gente que dispensa apresentações.

  

Finalmente, "last but not te least" a parte final de um espectáculo do grupo irlandês Riverdance.
Para além da dança  tem a vantagem da música ser também irlandesa, o que não é de somenos.
 .

2014/08/22

Albânia


A Albânia existe?
Por bons ou (quase sempre) maus motivos, todos os países do mundo são mais ou menos falados em comentários, jornais, acontecimentos os mais variadas mas, e a Albânia? 
Um pouco por todo mundo acontecem terramotos, maremotos, chuvas torrenciais, tufões, furacões,deslizamentos de terras, desastres de aviões mas, e na Albânia?
Ele há revoluções, guerras civis, atentados, separatismos, crises políticas e económicas, genocídios, tiroteios nas escolas e centros comerciais e atrocidades várias mas, e na Albânia?  
Por todo o lado se descobrem coisas, a medicina e a ciência em geral avançam, há missões humanitárias, expedições mais ou menos cientificas, provas todo-o-terreno, corridas de todo o género, campeonatos das mais diversas modalidades, atletas excecionais e outros nem por isso, eventos culturais, cinema, teatro, música mas, e na Albânia? 
Desde a morte de Henver Hoxa (1985) que se não fala da Albânia a não ser durante a crise do Kosovo e mesmo assim por causa dos albaneses...do Kosovo.
Será que a Albânia existe? Os mapas e a Wikipédia dizem que sim mas eu tenho sérias dúvidas. 

Adenda: Afinal a Albânia existe e, imagine-se a sua selecção de futebol vai jogar com a selecção portuguesa no dia 7 de Setembro para o apuramento do próximo Campeonato da Europa. 
Ah, parece que também concorrem ao Festival Eurovisão da Canção.
Eu é que sou ignorante.

2014/08/20

Last Dance



Em 2007 Keith Jarret e Charlie Hayden juntaram-se para fazer Jasmine.
Em 2014 juntaram-se novamente para fazer Last Dance.
Infelizmente seria mesmo a última porque o Charlie morreu a 11 de Julho de 2014 três dias antes do disco ser colocado nas prateleiras.
Genial.
Mais um "tens que ter e ouvir "(muitas vezes).

2014/07/23

1967

O texto que se segue foi publicado no Expresso de 2007/06/02 pelo crítico de músico João Lisboa.
Julgava tê-lo perdido mas hoje, vasculhando no fundo dos "directórios" ... encontrei-o.
Se, quem o ler, não chegar ao fim completamente estafado, como eu fiquei, não merece o texto e muito menos o esforço do João (velho companheiro de coro na Incrível Almadense e que não vejo à séculos).  



De acordo com o calendário gregoriano, 1967 foi um «ano comum». Isto é, um ano não bissexto, de 365 dias. Mas não atribuamos demasiadas responsabilidades ao Papa Gregório XIII que, a 18 de Janeiro de 1582, o promulgou para substituir o anterior calendário juliano: nem através de ligação directa ao Grande Arquitecto do Universo poderia ele ter previsto a dimensão exacta pela qual o ano em que John Coltrane, Che Guevara, Woody Guthrie e René Magritte morreram e Kurt Cobain, Julia Roberts, Nicole Kidman e Noel Gallagher nasceram foi tudo menos um ano comum. No mundo, em geral, e na cultura pop, em particular, 1967 foi, indiscutivelmente, um daqueles anos de viragem e ruptura que não deixaria pedra sobre pedra do que para trás ficara e que marcaria irremediavelmente as quatro décadas que, até hoje, se lhe seguiram.

Porque é impossível não o referir, recorde-se já que foi em 1967 que, a 1 de Junho, os Beatles publicaram Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Enquanto marco simbólico do ano e da era, a sua importância permanece, mas deve também adiantar-se que, no âmbito mais restrito da sua ressonância na cultura pop posterior, já viu bem melhores dias: não só todo o resto que os Beatles editaram no mesmo período de doze meses - os singles «Penny Lane»/«Strawberry Fields Forever», «All You Need Is Love»/«Baby You’re a Rich Man» e «Hello Goodbye»/«I Am the Walrus» e o duplo EP Magical Mystery Tour - é francamente mais rico e interessante como, em sucessivas votações dos «all time best» (na última, do número de Junho da «Mojo», para «os 100 discos que mudaram o mundo», ficou-se por um modesto 16º lugar), tem vindo, aceleradamente, a ver a sua cotação desvalorizada relativamente a diversos outros concorrentes e até face a outras gravações da banda de Lennon e McCartney como Revolver, ou mesmo (na recentíssima da «Mojo») ao single de 1963, «I Want To Hold Your Hand» (um honroso segundo lugar atrás de «Tutti Frutti», de Little Richard).

As oscilações do gosto terão a sua própria lógica, mas a verdade é que, num ano em que - política, social e culturalmente - aconteceu incomparavelmente mais do que em muitas décadas, escolher um único objecto/figura emblemáticos não andaria muito longe de confiar no acaso de um lançamento de dados. Tomem, então, nota:

1) álbuns de estreia pop/folk/rock - The Velvet Underground & Nico, seguido, também em 1967, de White Light/White Heat; The Songs of Leonard Cohen; The Doors (e, no final do ano, Strange Days); The Piper at the Gates of Dawn, dos Pink Floyd; Safe as Milk, de Captain Beefheart; Are You Experienced?, da Jimi Hendrix Experience (e ainda Axis: Bold as Love); Mr. Fantasy, dos Traffic; The Grateful Dead; Buffalo Springfield (Neil Young+Stephen Stills) e (sobretudo), no Outono, Buffalo Springfield Again; Chelsea Girl, de Nico; David Bowie; Surrealistic Pillow, dos Jefferson Airplane, antecedendo After Bathing at Baxter’s; Moby Grape; Blowin’ Your Mind, de Van Morrison; Electric Music for the Mind and Body, de Country Joe & The Fish (que publicariam também I Feel Like I’m Fixin’ to Die); The Thoughts of Emerlist Davjack, dos Nice (casulo de Keith Emerson, futuramente Emerson, Lake & Palmer); H. P. Lovecraft; Big Brother & The Holding Company (voz Janis Joplin).

2) obras-primas avulsas, objectos de culto e sementes de futuro - Goodbye and Hello, de Tim Buckley; Forever Changes e Da Capo, dos Love; Pleasures of the Harbor, de Phil Ochs; Absolutely Free, dos Mothers of Invention; 5000 Spirits or the Layers of the Onion, da Incredible String Band; Days of Future Passed, dos Moody Blues; The Who Sell Out; Something Else by the Kinks; Between the Buttons e Their Satanic Majesties Request, dos Rolling Stones; Walk Away Renee/Pretty Ballerina, dos Left Banke; Ptoof, dos Deviants; Tenderness Junction, dos Fugs; Tangerine Dream, dos Kaleidoscope; Mass In F Minor, dos Electric Prunes; Younger than Yesterday, dos Byrds; Disraeli Gears, dos Cream (Eric Clapton+Jack Bruce+Ginger Baker); John Wesley Harding, de Bob Dylan; Easter Everywhere, dos 13th Floor Elevators.

Que outro ano, anterior ou posterior, se poderá gabar de ter fundado uma mão-cheia de géneros musicais (o psicadelismo dos Pink Floyd, Grateful Dead, Country Joe & The Fish, Kaleidoscope, Traffic, Fugs, H. P. Lovecraft, Jefferson Airplane ou de Their Satanic Majesties; o rock-sinfónico/progressivo dos Nice ou Moody Blues; o «noise», com White Light/White Heat; os blues «cósmicos» de Jimi Hendrix, Big Brother ou Cream - ainda que, aqui, haja que reconhecer os antecedentes dos Yardbirds; as incursões pelos idiomas clássico, da vanguarda contemporânea/electrónica e das músicas orientais dos Electric Prunes, Tim Buckley, Nico, Incredible String Band, Love, Frank Zappa/Mothers of Invention, Phil Ochs e dos próprios Beatles que, já em Revolver, por aí haviam deambulado; a ópera-rock com The Who Sell Out), de ter revelado (ou confirmado, ao segundo álbum) figuras que marcariam indelevelmente a pop até hoje - Lou Reed, John Cale, Van Morrison, Neil Young, Jimi Hendrix, Nico, David Bowie, Tim Buckley, Leonard Cohen, Frank Zappa, Captain Beefheart - e, de um modo geral, ter participado intensamente nas convulsões que, daí em diante (e o Maio francês estava apenas a um ano de distância), virariam o século XX do avesso? A música aspirava o espírito do tempo e, ao expirá-lo, acelerava a rotação do mundo.

De facto, o ano em que, logo a 2 de Janeiro, Charlie Chaplin estreava o seu último filme (A Condessa de Hong Kong) e que, a 19 de Dezembro, ouviria o professor John Wheeler formular, pela primeira vez, o conceito de «buraco negro», foi um período de movimentos e eventos contraditórios: se a Guerra dos Seis Dias (entre 5 e 10 de Junho) incendiava irreversivelmente o Médio Oriente, o golpe de estado «dos coronéis», na Grécia, instalava mais uma ditadura europeia e o general Westmoreland garantia que a vitória americana no Vietname era certa, o «Gathering of the Tribes for a Human Be-In» que, a 14 de Janeiro, reunia 30 mil pessoas no Golden Gate Park de São Francisco, fazia convergir para um mesmo lugar as várias sensibilidades heterodoxas da época (ecologistas, velhos beatnicks, feministas, novos hippies, anarco-freaks, militantes anti-Vietname, contestatários estudantis, activistas anti-segregacionistas, radicais de esquerda, gurus místicos e apóstolos lisérgicos), dava a palavra a oradores como Allen Ginsberg, Jerry Rubin e Timothy Leary (que lançaria o mote do ano com o seu famoso «Turn on, tune in, drop out» aparentemente «soprado» por Marshall McLuhan, enquanto o «underground chemist», Owsley Stanley, abastecia generosamente as massas com LSD - ilegalizado desde 16 de Outubro de 1966 - especialmente sintetizado para a ocasião), oferecia o palco aos Jefferson Airplane, Grateful Dead e Quicksilver Messenger Service e, acima de tudo, anunciava o «Summer of Love» que, meses depois, faria convergir para o distrito de Haight-Ashbury, Berkeley e a baía de São Francisco mais de 100 mil «flower children» em busca de «amor livre», comunitarismo, transcendência e bucolismo utópicos «à la» Thoreau, êxtases químicos instantâneos e toda a parafernália cultural e filosófica que estaria na raiz da «New Age» e da contracultura «underground».

No entanto, a 15 de Janeiro, um dia depois do «Human Be-In», no Ed Sullivan Show, os Rolling Stones, a bem da moral e dos bons costumes, seriam forçados a cantar «Let’s Spend Some Time Together» em vez do «Let’s Spend the Night Together» original e, um mês mais tarde, Mick Jagger e Keith Richards veriam a polícia londrina invadir-lhes uma festa privada e acusá-los de consumo e posse de drogas, pelo que, a 29 de Junho, acabariam mesmo por serem presos. Foi, sem dúvida, um ano em que manter-se a par das notícias não terá sido fácil: no mesmo dia em que as «tribos» se congregavam no Golden Gate Park, o «New York Times» revelava que o Exército americano realizava experiências em matéria de guerra biológica; a 1 de Março, a Revolução Cultural chinesa terminava com o regresso dos Guardas Vermelhos à escola, oito dias antes de Svetlana Alliluyeva, filha de Estaline, fugir para os EUA e, no penúltimo dia do mês, de os Beatles serem fotografados para a lendária capa de Sgt. Pepper’s, uma semana antes de levantar voo o primeiro Boeing 737 (a 11 de Dezembro, seria o baptismo de voo do Concorde). Outra linha de acontecimentos decorria paralelamente: a 28 de Abril, Cassius Clay/Muhammad Ali recusa combater no Exército dos EUA, e embora, a 12 de Junho, o Supremo Tribunal de Justiça norte-americano (do qual, a 30 de Agosto, Thurgood Marshall seria o primeiro membro afro-americano) tenha declarado inconstitucionais todas as leis que proibiam os casamentos interraciais, isso não impediu que, a 15 de Julho - dois dias antes da morte de John Coltrane -, expludam violentos motins raciais em Detroit (43 mortos, 342 feridos, 1400 edifícios incendiados), que alastraram a Nova Iorque, Washington DC e Alabama, e, a 21 de Setembro (quatro dias depois da estreia do musical hippie, Hair), dezenas de milhares marcharam sobre Washington contra a guerra do Vietname enquanto Allen Ginsberg entoava mantras com o objectivo de «fazer levitar o Pentágono».

A atmosfera cultural do «Verão do Amor» (que, na edição de 7 de Julho da «Time», a «cover story», intitulada «The Hippies: The Philosophy of a Subculture», descrevia como «faz o que te apetece, onde quer que o tenhas de fazer e fá-lo quando quiseres. Sai fora. Abandona a sociedade tal como a conheces. Abandona-a por completo. Assombra o espírito de todas as pessoas normais que possas encontrar. Converte-os. Se não às drogas, pelo menos à beleza, ao amor, à honestidade e à alegria»), seria, entretanto, perfeitamente caracterizada pelo Monterey Pop Festival - de 16 a 18 de Junho, 200 mil participantes e o primeiro festival pop/folk/rock, ao ar livre e gratuito -, na Califórnia, no qual actuaram Jimi Hendrix, The Who, The Byrds, Jefferson Airplane, Ravi Shankar, Hugh Masekela, The Grateful Dead, Janis Joplin com os Big Brother & The Holding Company, The Association, Buffalo Springfield, Country Joe & The Fish, Moby Grape, Quicksilver Messenger Service, Laura Nyro, Canned Heat, Simon & Garfunkel, The Paul Butterfield Blues Band, The Steve Miller Band, os Blues Project e Otis Redding, que morreria a 10 de Dezembro, num acidente de avião. Não foi a única baixa do universo cultural a lamentar: entre Maio e Agosto, juntar-se-lhe-iam Edward Hopper, Vivien Leigh, Jayne Mansfield, o poeta Carl Sandburg, o dramaturgo Joe Orton, René Magritte, o manager dos Beatles, Brian Epstein e Woody Guthrie. Tragédia de enorme dimensão foram as cheias de Lisboa, a 26 de Novembro, com 462 vítimas mortais, que se somariam às das guerras coloniais em curso, às do Vietname ou às decorrentes do abate pela República Popular da China de dois aviões norte-americanos que teriam violado o seu espaço aéreo.

Mas, mais visível ou invisivelmente, havia forças várias em movimento: a 26 de Junho (um dia antes de, em Enfield, no Reino Unido, o Barclays Bank abrir a primeira caixa Multibanco), Karol Wojtyla - futuro João Paulo II - é ordenado cardeal e, pela mesma altura, Lech Walesa começa a trabalhar como electricista, nos estaleiros Lenine, de Gdansk; a 4 de Julho, o Parlamento britânico descriminaliza a homossexualidade, Antony Hewish e Jocelyn Bell Burnell, da Universidade de Cambridge, descobrem o primeiro pulsar e, no final do ano (que se iniciara com a morte de Jack Ruby, assassino de Lee Harvey Oswald, putativo assassino de John Kennedy), Christiaan Barnard realiza, na Cidade do Cabo, na África do Sul, o primeiro transplante cardíaco. O «zeitgeist» da era impulsionaria, ainda Ralph J. Gleason e Jann Wenner a fundar a «Rolling Stone» (para onde Greil Marcus - salário: 30 dólares por semana -, Hunter S. Thompson ou Lester Bangs escreveriam), sobrevivente única de «rock magazines» históricos como a «Crawdaddy!» e a «CREEM». Muitos anos mais tarde, reflectindo sobre a atmosfera desses anos, um dos seus alegados heróis, Leonard Cohen, diria: «Os hippies não me interessaram especialmente. Em particular, quando começaram a poluir os rios e a deixar lixo por todo o lado, quando iam para o campo adorar Deus e a Natureza. Eram péssimos campistas! Eu, que fui escuteiro, posso dizê-lo».


UFF

PS: Na altura eu tinha 17 "aninhos" e muitas destas coisas só as recuperei muitos anos mais tarde.
Ainda hoje muitos dos citados são os meus favoritos.

Ver ainda aqui o que estava na moda.

Livrarias


Não posso estar mais de acordo.
Este post é dedicado aos corajosos livreiros independentes que insistem, contra tudo e contra todos, em nos manterem "seres pensantes" e sobretudo aos que não conseguiram resistir ao estúpido mainstream.

2014/06/24

WorldCup -Last round


Enviei hoje o mail que abaixo se transcreve ao meu amigo Stephan Becker que por esta altura se diverte à grande por terras de Santa Cruz:

My dear friend.

First of all I hope that you are doing good and had enough fun because from this momment on you are done. 

It goes like this.

As you know I am a man of multiple skills.

I arranged a special session of the Portuguese Parliament and they have approved a task force with  two goals (stupid word):

1 - Germany will strike the bloody americans with  5-0;
2 - Portugal will smash the @#%&?*+ ghanese with an attonishing three nil

Under my proposal and, considering that you are already in the field and after I describe your long and beautiful curriculum, they also appoint you as the Great Leader for the task force with a magnificent three minutes standing ovation.

I also obtain from FIFA's General Assembly a special authorization to send to Brazil an A - 380 full of portuguese footballers because we really don't know how many of them will fall in the first and second training sessions.    

Last but not the least I had a special meeting with Our Lady of Fátima (it's only 30 kms between our houses) and, lucky you, Marcos Reus is cured and can join "die Mannshaft".

Two days of real hard work.


Love 

Fernando


PS: What are you doing? Leave the internet and put your hands on the job. The clock is ticking   

2014/06/09

You'll never walk alone



O meu filho Pedro enviou-me este vídeo produzido pelos alunos e professores do 9º ano do colégio onde dá aulas.
Só é pena que não tenham feito uma montagem ou fazendo no fim uma referência à Bill Shankly's Gate em Anfield Road.


Muito bem. Continuem a sonhar

2014/02/09

Dragão Miam

Já me tinha referido num post anterior às potenciais qualidades artísticas do meu neto João que, mais uma vez, ficam demonstradas no desenho abaixo, não só pelo rigor do traço, mas também pela imaginação.
Espero que se confirmem.

2014/01/16

Sitting in my front porch...

Sentado no meu alpendre vejo e ouço a chuva cair.
O dia é cinzento, escorre pelas paredes, pegajoso, esverdeado, triste, apelando à melancolia e, no entanto, tem um encanto que me escapa e me faz passar muito tempo (demasiado?), imóvel, aguardando um não sei quê que nunca acontece.

Talvez seja o que sentia o prematuramente malogrado Otis Reding, sentado no cais, vendo os barcos entrar no porto.

 

2014/01/09

Ilustração Centífica

"A ilustração científica é uma técnica e uma arte velha de cinco séculos. É uma técnica especializada, que serve naturalistas, médicos, biólogos e outros cientistas. E é uma arte que tem produzido gravuras de incomparável beleza - gravuras que espantam, pelo pormenor e pela composição, tanto o cientista como o leigo."

A definição atrás foi retirada da página dedicada ao assunto pelo Instituto Camões.


Esta arte tem sido impulsionada recentemente por Pedro Salgado, biólogo e ilustrador que nesta entrevista revela o seu percurso e ambições de construir em Portugal uma escola de Ilustração Científica. 

Vem isto a propósito do desenho abaixo, produto de uma Workshop frequentada pelo meu neto João, de oito anos,  na escola de Belas Artes de Pedro Serrenho.


As aptidões são evidentes de comparamos com o desenho abaixo da autoria de Pedro Salgado.

Parabéns ao artista

  

2014/01/07

Paisagens

Agora que estamos no pino do Inverno e com saudades do Verão (que diabo já chega de chuva) Lembrei-me de comparar as mesmas paisagens em diferentes países e as suas semelhanças e diferenças nas referidas estações.
As duas primeiras são de dois plátanos gigantescos que emolduram a Fonte do Pião em Monsanto-Alcanena.
A fonte é lugar de amena cavaqueira nas tardes de verão, protegida da canícula, pelas copas frondosas que quase ameaçam tapar a estrada nacional que por ali passa.
Entre o Verão e o Inverno a diferença salta à vista, sendo que se reconhece o mesmo lugar sem sombra de dúvida.



O mesmo não se poderá dizer das seguintes que, sendo também tiradas no mesmo local e quase com o mesmo enquadramento nos mostram paisagens bem diferentes.
As fotos foram obtidas da varanda de um amigo que vive no Tirol numa aldeia que dá pelo nome de Fiberbrunn no município da famosa estância de ski kitzbuel.
Se não soubesse que o local é exatamente o mesmo (fui eu que tirei as fotos) hesitaria bastante em o reconhecer.
Na verdade, o manto de neve retira quase todos os pontos de referencia reconhecidos durante o verão, transformando uma paisagem rica em cores para a "pobreza" do preto e branco.